data-filename="retriever" style="width: 100%;">Neste mundo de agora, neste país de sempre, onde as sentenças curtas, os ditados sumários, as frases de efeitos mais sonoros do que elucidativos e os conceitos pueris adotados em exercício de repetição sem sequer haver conhecimento de sua origem, autoria, intenção ou circunstância em que tenha sido cunhados, como se assim, frugal e simploriamente, se pudesse a tudo conhecer, a todos convencer e a tudo resolver, o diálogo, aquele verdadeiro, de acepção pura, conotação justa, qualificação correta e eficácia inegável é coisa mais rara que artigo contrabandeado.
Se como pedra preciosa fosse considerado, o garimpo em sua busca, não sei se ainda compensatório, dado o tanto de desforço a ser empregado e o pouco, quase nada, que se extrairia do solo árido e pedregoso da intransigência, surdez e cegueira.
Ainda há que se considerar não haver jazidas desta preciosidade, mas tão somente um ou outro naco depositado lá no bem fundo do solo, então tapado pela rocha bruta e dura da inconsciência, mais as camadas do lodo da intolerância. Encontrada a preciosidade, quem sabe sua depuração e aquilatamento demandariam ainda mais processos físicos e químicos, como desgastes em seu volume, a fazer restar pouco da essência pura, do peso aproveitável e parcos valores mercantis.
Quando nos deparamos diante dos pretensos diálogos (e disto não passam: pretensos) políticos e ideológicos entre as correntes duas que mesmo disformes e inconstantes, bem como seus dizeres que nem de longe podem ser confundidos com argumentos (inclusive pelos termos, expressões e decibéis empregados), os vemos vindos de gentes que, sei lá eu por quais razões, pensam serem portadores do mais célebre e desejado dos minerais, logo ouro.
Quanta pretensão...
Cada qual se julga descobridor da nacionalmente exclusiva jazida de sabedoria existente e que suas respectivas pepitas são as de pureza e quilates mais sublimes.
Ocorre que ao ostentarem suas pepitas, brilhosas umas contra as outras, ofuscam reciprocamente as visões e turvam os próprios discernimentos, nada vendo com a nitidez que os fatos, a realidade, as palavras, os atos de seus ídolos e seus efeitos e o uso da razão simples pode fazer vislumbrar.
Ouro de tolos.
E não se envergonham, ambos os lados, de terem sido enganados, traídos, ludibriados, logrados. Insistem em orgulharem-se dos lingotes fraudulentos que exibem.
Por pior, pretendem que os observadores da briga de bugios, da tosa de porco (de muito grito e pouca lã) os acompanhe, os acate, os siga no desvario. Até criticam a quem não se deixa enganar como eles próprios, alcunhando quem não cai nessa de "isentões".
Em ouro verdadeiro, de pureza e quilate confiáveis, a maioria absoluta da população sabe que o Brasil é prodigo, ao ponto, inclusive de, historicamente, conviver com a cobiça internacional diante de tanto.
Sabe, portanto, que não há razão para se abastecer do ouro falso berrado. Garimpa no veio da razão, da reflexão, da ponderação, da análise serena e do raciocínio lógico.
A imensa maioria, sábia que é, só escuta e entende que, na verdade, o silêncio vale ouro.